Passada a excelente experiência no Cordon del Plata, é hora de retomar os sonhos antigos. E dessa vez a atenção volta novamente para a Cordillera Blanca no Peru.
O planejamento que tinha feito no passado (http://www.rafaelgribel.blogspot.com/2011/05/planejamento-e-roteiro.html) vai mudar um pouquinho em função do tempo e de um detalhe importantíssimo: a Flavinha dessa vez vai passar uma semana lá comigo!!!
Daí, vou aproveitar o período da aclimatação para fazer uma travessia com ela, e quem sabe dar umas voltas lá por perto.
O fato de ela ir me deu outro ânimo e com certeza vou dessa vez com muito mais experiência e força de vontade pra voltar pra casa com mais alguns cumes no bolso.
A programação principal ficou assim então:
Aclimatação e preparação:
- Travessia Santa Cruz
- Nevado Ishinca (5530m)
Grande objetivo da viagem:
- Pisco (5760m)
Crédito das imagens: www.summitpost.org
Em breve mais informações sobre as montanhas e a cordillera blanca.
RAFAEL GRIBEL
"Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, seu amor, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos". Pablo Neruda
quarta-feira, 30 de maio de 2012
terça-feira, 24 de abril de 2012
Vídeo - Cordon del Plata 2012
Pessoal,
Terminado o vídeo da tentativa de cume ao Cerro Plata, no Cordon del Plata, em fevereiro de 2012.
Terminado o vídeo da tentativa de cume ao Cerro Plata, no Cordon del Plata, em fevereiro de 2012.
segunda-feira, 12 de março de 2012
Aprendizado foi o que não faltou em uma expedição sem cumes...
Sempre gosto de olhar pra trás e avaliar tudo que aconteceu na minha vida, e essa viagem pra Argentina e Chile foi um desses momentos importantes que valem ser analisados.
Fiquei 14 dias fora do Brasil, dos quais 7 estive na montanha. Pela primeira vez me aventurei de forma independente em um ambiente de altitude totalmente desconhecido e, apesar de não ter chegado no cume, aprendi muito no caminho.
Resumindo alguns pontos principais:
- conheci uma das partes mais bonitas da cordilheira dos andes
- conheci muitas pessoas de várias partes do mundo
- senti o peso de carregar uma mochila de mais de 30kg nas costas durante 3 dias, e levar pra cima um monte de coisas que não são necessárias
- senti bastante medo nas noites de ventania forte que quase destruíram a minha barraca
- morri de saudade da minha namorada (de novo... hehe)
- conheci vinículas na capiltal mundial do vinho (Mendoza)
- fiz rafting em um rio de degelo nos Andes
- vi com meus olhos (e meu nariz) como o ambiente natural às vezes pode se tornar o banheiro do ser humano porco e mau-educado
Muitas coisas aconteceram nesses dias, mas pelo fato de ter ido sem um guia, o aspecto mais importante dessa viagem foi a responsabilidade por tomar minhas próprias decisões na montanha. Decisões estas que em alguns momentos tinham a minha vida e integridade em jogo. Nesses momentos de decisões importantes, senti os meus valores se fortalecendo, e as coisas que realmente importam vindo à tona de uma forma muito clara na minha mente, e parafraseando Messner (um dos maiores montanhistas de todos os tempos), senti "o sangue correndo forte nas veias".
Volto pra casa com a cabeça limpa e descansada, com os valores fortalecidos e com a certeza de que o tempo passado nas montanhas é cada vez mais importante para que eu continue dando foco naquilo que realmente vale na minha vida: minha namorada, minha família, meus grandes amigos e as coisas que realmente nos trazem prazer e nos fazem felizes.
Objetivo da viagem alcançado!!! Aprendizado foi o que não faltou em uma expedição sem cumes...
Que venha a próxima montanha!!!
Fiquei 14 dias fora do Brasil, dos quais 7 estive na montanha. Pela primeira vez me aventurei de forma independente em um ambiente de altitude totalmente desconhecido e, apesar de não ter chegado no cume, aprendi muito no caminho.
Resumindo alguns pontos principais:
- conheci uma das partes mais bonitas da cordilheira dos andes
- conheci muitas pessoas de várias partes do mundo
- senti o peso de carregar uma mochila de mais de 30kg nas costas durante 3 dias, e levar pra cima um monte de coisas que não são necessárias
- senti bastante medo nas noites de ventania forte que quase destruíram a minha barraca
- morri de saudade da minha namorada (de novo... hehe)
- conheci vinículas na capiltal mundial do vinho (Mendoza)
- fiz rafting em um rio de degelo nos Andes
- vi com meus olhos (e meu nariz) como o ambiente natural às vezes pode se tornar o banheiro do ser humano porco e mau-educado
Muitas coisas aconteceram nesses dias, mas pelo fato de ter ido sem um guia, o aspecto mais importante dessa viagem foi a responsabilidade por tomar minhas próprias decisões na montanha. Decisões estas que em alguns momentos tinham a minha vida e integridade em jogo. Nesses momentos de decisões importantes, senti os meus valores se fortalecendo, e as coisas que realmente importam vindo à tona de uma forma muito clara na minha mente, e parafraseando Messner (um dos maiores montanhistas de todos os tempos), senti "o sangue correndo forte nas veias".
Volto pra casa com a cabeça limpa e descansada, com os valores fortalecidos e com a certeza de que o tempo passado nas montanhas é cada vez mais importante para que eu continue dando foco naquilo que realmente vale na minha vida: minha namorada, minha família, meus grandes amigos e as coisas que realmente nos trazem prazer e nos fazem felizes.
Objetivo da viagem alcançado!!! Aprendizado foi o que não faltou em uma expedição sem cumes...
Que venha a próxima montanha!!!
quarta-feira, 7 de março de 2012
Fotos Cordon del Plata
Opa, fotos estão no Facebook:
http://www.facebook.com/media/set/?set=a.10151392791580151.839245.574970150&type=1¬if_t=like
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sábado, 3 de março de 2012
Relato - Cordon den Plata
Cheguei em Santiago na segunda-feira, dia 20/02, e na terça-feira de manhã peguei o ônibus para Mendoza. A viagem é sensacional! 7 horas cruzando a cordilheira dos andes, com visuais incríveis, paredes gigantescas de pedra e montanha que não acaba mais. Valeu demais a escolha de ter ido de ônibus.
Chegando em Mendoza, corri e aluguei o restante dos equipamentos que estavam faltando e consegui um transporte para os refúgios na quarta-feira a tarde.
Dia 1 - quarta-feira (23/02)
A van passou para me pegar às 14:00, e fomos para Potrerillos, um vilarejo no pé do Cordon del Plata, de onde se pega uma estradinha de terra que dá acesso aos refúgios (há vários refúgios de montanha próximos aos 3000m de altitude e encontrei várias pessoas acomodadas nos refúgios que caminhavam pelas montanhas ali por perto). Foram comigo um guia e um casal de clientes que também tentariam o Plata, mas conversei com eles, e expliquei que gostaria de seguir a minha estratégia de aclimatação, e que em algum momento poderíamos nos separar. Chegando em Potrerillos, havia uma nuvem negra imensa exatamente em cima do Cordon del Plata (hehe), e o dono do refúgio me disse que estava chovendo todos os dias na montanha. Que dureza... Chegamos no refúgio Ski & Montanha, e dormimos por lá nesse dia.
Dia 2 - quinta-feira (24/02)
Acordamos cedo, acabamos de arrumar as mochilas e saímos do abrigo por volta das 9:00. Até o primeiro acampamento, precisa-se caminhar um pouco mais de uma hora em uma subida um pouco íngreme e constante. O tempo estava bem nublado e frio, e prometia um dia bem ruim. Com a mochila extremamente pesada nas costas (aprox. 35kg) foi uma boa pra começar a esquentar as pernas (hehe). Chegamos no local do primeiro acampamento, conhecido por Las Veguitas (3200m) às 10:30, e já montamos acampamento. Por volta das 11:00 o sol apareceu e não sumiu mais. Assim que montei o acampamento, eu peguei uma mochila pequena e decidi subir até o próximo acampamento (Piedras Grandes a 3600m) pra conhecer a trilha e ver como seria o próximo dia. Além disso, queria sempre tentar usar a estratégia do ¨subir alto, dormir baixo¨. O acampamento dois é conhecido como Piedras Grandes e fica a 3600m. Demorei um pouco mais de uma hora pra chegar, e de lá vi que o tempo nas montanhas mais altas estava horroroso, nevando muito. Desci de volta para o Las Veguitas, fiz meu jantar e fui dormir.
Dia 3 - sexta-feira (25/02)
Nesse dia, o guia queria subir com os clientes diretamente para o campo 3, conhecido como Salto d`água, a 4200m. Como eu estava iniciando a minha alimatação, preferi ir somente até o Piedras Grandes e ficar uma noite por lá (depois desse dia, nao os encontrei mais). Pouco mais de uma hora de caminhada e cheguei no local do acampamento. Nesse dia, senti bastante os ombros e as costas por causa da mochila e comecei a me preocupar com o peso da mochila. Montei acampamento e resolvi subir até o Salto (4200m) com uma mochila de ataque novamente para me aclimatar. A caminhada para o Salto é bem mais pesada, e é conhecida como El Infernillo. Aqui sobe-se praticamente o tempo todo sobre um amontoado de pedras e areia, com subidas bem íngremes e escorregadias. Chegando quase aos 4000m, comecei a sentir um pouco de dor de cabeça e resolvi voltar dali, já que ali começava a subida final (e bem forte) para o campo Salto. Desci de volta ao Piedras Grandes e me arrumei para fazer a janta.
Havia levado somente fogareiro à gás, e dois butijões que comprei em Santiago. Quando tentei acender o fogareiro, nada de gás saindo. Daí lembrei que havia lido em algum lugar que às vezes em lugares altos e frios, o gás se liquefaz, e com isso não é possível acendê-lo. Tive que aprender do jeito mais difícil. Tentei colocá-los para esquentar dentro do saco de dormir, debaixo do braço, mas só consegui uma pequena chama que durou alguns segundos. Resultado, comi jantar liofilizado com água fria e não foi muito agradável. Com isso, coloquei os dois butijões dentro do meu saco de dormir para esquentarem durante a noite.
Dia 4 - sábado (26/02)
Acordei por volta de meia a noite e meia com um vento muito forte balançando a barraca. Nessa hora saí e verifiquei se as pedras que estavam ancorando a barraca estavam firmes, e tudo estava ok. Entrei novamente e decidi tentar dormir. Aí começou o perrengue. O vento não parou durante toda a noite e ficou cada vez mais forte. Em algumas vezes, o vento entortava e tirava as varetas de sustentação do lugar, e eu precisava me levantar e arrumar. Além disso, cada vez que dava uma rajada muito forte de vento, uma camada fina de poeira entrava na barraca e impregnava absolutamente tudo dentro. Foi assim durante toda a noite, e eu consegui somente dar alguns chochilos entre as rajadas fortíssimas de vento.
Quando o sol nasceu eu resolvi sair da barraca e ver o estrago. Aparentemente estava tudo ok, mas o fato de eu sair da barraca piorou a situação. O meu peso estava segurando a barraca no chao, e quando eu saí a barraca perdeu mais sustentaçao e a cada balançada, o vento entrava por baixo da barraca e levantava tudo, tirando a barraca do lugar (importante ser dito que normalmente as barracas de alta montanha nao tem specks pra fincar no chao, somente cordas laterais pra afixar a barraca nas pedras ao redor). Foi aí que notei toda a minha falta de experiência no assunto, porque deveria ter cercado a cobertura toda da barraca com pedras pra segurar melhor e tal (vivendo e aprendendo). Resolvi ir tirando tudo da barraca e colocando do lado de fora, enquanto ia tirando a espessa camada de pó que se apossou de tudo.
A peleja durou até mais ou menos 11:30 da manha, que foi quando eu concluí que nao seria muito legal eu subir com tudo tomado pelo pó, e além disso ainda estava achando que a mochila estava muito pesada, e isso ia influenciar muito na minha chance de chegar bem no acampamento alto e tentar o cume. Entao, decidi que seria melhor eu descer até o refúgio naquele dia, tirar o pó de tudo, tirar um pouco de peso da mochila, descansar e subir no dia seguinte. Pouco antes das 13:30 cheguei no refugio, com o vento extremamente forte ainda me assolando e quase me derrubando durante toda a descida.
Dia 5 - domingo (27/02)
Acordei bem cedo pra arrumar a mochila e começar a subida. No final das contas o maior dano do pó foi arranhar meu óculos escuros (que tinha acabado de comprar... gmmm), mas paciencia. Ainda consegui tirar mais de 5kg de peso das mochilas, entre excesso de comida, repelente, e outros que nao tinha usado ainda e nao acreditava que utilizaria dali pra frente. Estava levando agora comida e roupa para mais 4 dias na montanha, onde faria uma tentativa de cume no Plata, dependendo das condiçoes do tempo.
A ideia era subir do refugio direto para o acampamento Salto, a 4290m, uma subida de 1300m de desnivel e aproximadamente 6 horas de duraçao. Acordei com o tempo bem nublado, e com a mochila bem mais leve, consegui impor um ritmo bem mais forte que nos outros dias. Em pouco mais de duas horas, estava de volta no acampamento Piedras Grandes, e com 6 horas e 15 minutos de caminhada cheguei no acampamento Salto, quando o relogio marcava 13:45, e a medida que eu ia subindo o tempo ia limpando, e terminei o dia com um sol forte e nenhum vento. Teria sido um dia perfeito para cume (hehe).
O acampamento Salto é um plato próximo a uma pequena queda dágua, onde cabem aproximadamente 8 ou 10 barracas. Já no final de temporada, o grande problema era a falta total de higiene, resumindo: tudo cagado!! Impressionante o que as pessoas fazem na montanha. Havia vários "abrigos" de pedra montados para montar as barracas dentro, e pra todo lado que se olhava se via restos de papel higienico e era só chegar um pouco mais perto e sentir o cheiro. Literalmente, que merda!!!
Enfim, cheguei, fiz meu jantar (com um botijao novo que peguei no refugio), e arrumei as coisas pra dormir, e dessa vez tomei bastante cuidado para afixar a barraca muito bem, caso voltasse a ventar.
Agora sim, eu estava numa boa posiçao pra tentar cume e dependia somente do clima nos proximos tres dias. Como a condicao do tempo estava variando muito, resolvi deixar tudo pronto pra tentar o cume no dia seguinte, se o tempo estivesse bom.
Dia 6 - segunda-feira (28/02) - DIA DO ATAQUE
Essa noite foi de certa forma tranquila, tirando a ansiedade que tomava conta de mim e me fazia acordar a todo momento e olhar as horas. Acordei antes do sol nascer, e saí da barraca pra verificar a situaçao. O céu estava limpissimo, mas havia um vento chato que nao parava de soprar, e que eu sabia que ia me atrapalhar durante toda a subida. Mesmo assim, decidi que essa era uma boa oportunidade para tentar o cume, e sinceramente eu tinha medo que o tempo virasse nos proximos 2 dias, e se isso acontecesse eu ia sair da montanha sem ao menos ter tido uma tentativa honesta de cume. Fiz um macarrao de café da manha, e as 7:30 comecei a subir, acompanhado por um casal de Argentinos que também ia tentar o Plata naquele dia.
A primeira parte da subida (até um outro ponto de acampamento mais acima conhecido com La Hoyada) é uma subida generosa dentro de um vale. Como o sol ainda nao havia chegado no vale, foram quase uma hora e meia de muito vento frio. Meu relogio marcava 2 graus, mas com o vento, a sensacao termica estava de quase -10 (ilustrando: dei uma bela assoada no nariz, e um bocadinho de catoto voou na minha blusa; instantes depois estava congelado... hehe). Consegui manter um ritmo bom, e com pouco mais de uma hora e meia, cheguei em La Hoyada, agora já com o sol me esquentando, mas o vento piorando e nao dando tregua. Parei, bebi agua, mandei um gelzinho de carboidrato pra dentro, e continuei a subida.
A segunda parte é uma subida bem íngreme em direçao ao col que leva ao cume do pico Lomas Amarillas, a esquerda, e dali, pegaria a trilha a direita em outra gigantesca subida até o col que divide o Cerro Plata do Cerro Vallecitos. Olhando desde La Hoyada, vi uma trilha que seguia quase reto numa íngreme subida e saía quase na metade (eu achava) da segunda subida (para o col do Vallecitos). A trilha estava muito marcada e imaginei que muitos pa/ssassem por ali, entao resolvi ir por ela, e foi aí que eu me dei mau. A subida era extremamente íngreme, num cascalho extremamente escorregadio. A cada dois passos que dava, voltava 3, e para tentar render um pouco mais, acabei tendo que subir mais rápido para nao dar tempo do pé escorregar enquanto trocava os passos. Resultado: morri. Já estava a quase 5000m de altitude, e até aquele momento, estava mantendo um ritmo bem cadenciado o tempo todo, que me permitia progredir e me manter descansado. Nessa subida, eu tive que aumentar muito o ritmo, e acabei gastando minhas reservas.
Quando terminei essa subida íngreme, caí na subida que daria no col do Vallecitos, e vi que nao era exatamente na metade que eu estava. Ainda faltava uma grande parte da subida.
Parei, descansei, comi, bebi, e decidi continuar a subida no meu ritmo. Continuei subindo por mais 1 hora, até um pouco acima dos 5200m, mas precisava de 3 bufadas pra cada passo que dava. O casal de Argentinos tinha desistido na primeira subida (para o col do Lomas Amarillas), e eu estava subindo sozinho. Com bastante dor de cabeça, decidi que nao seria muito prudente da minha parte continuar. Eu até poderia conseguir chegar ao cume a tempo, mas se alguma coisa acontecesse comigo, nao haveria ninguem naquele dia pra me ajudar, já que ninguem mais estava subindo nesse dia. Nessa viagem, trouxe um livro do Ed Viesturs, onde ele conta como foi a escalada das 14 montanhas acima de 8000m, e o tempo todo ele enfatiza o lema dele: "Getting to the top is optional, getting back down is mandatory". Nesse momento nao pude deixar de pensar nisso, e achei que seria melhor virar e descer.
Com o vento ainda aumentando, iniciei a descida em em pouco mais de 2 horas cheguei de volta ao campo Salto. Como ainda estava cedo, desarmei acampamento, arrumei a mochila e resolvi descer direto até o refúgio. Saí do Salto as 14:45, e acompanhado pelo incessante vento e sua rajadas, antes das 18:00 já estava no refúgio tomando uma bela xícara de chá bem quente. Dormi muito pesado, e com a sensaçao que tinha tomado as decisoes certas nos momentos certos, tanto de tentar o ataque ao cume nesse dia, quanto de virar e descer.
Dia 7 - segunda-feira (29/02)
Acordei cedo no refúgio, e enquanto eu esperava a Van que iria me buscar, olhei pra cima e vi o cume do Vallecitos tomado por nuvens bem feias. Com esse tempo, dificilmente teria condiçoes de sequer tentar atacar o cume do Plata, e senti que tinha realmente feito a coisa certa. Voltei pra Mendoza com o sentimento de dever cumprido, e com uma bagagem de aprendizado gigantesca nas costas.
Chegando em Mendoza, corri e aluguei o restante dos equipamentos que estavam faltando e consegui um transporte para os refúgios na quarta-feira a tarde.
Dia 1 - quarta-feira (23/02)
A van passou para me pegar às 14:00, e fomos para Potrerillos, um vilarejo no pé do Cordon del Plata, de onde se pega uma estradinha de terra que dá acesso aos refúgios (há vários refúgios de montanha próximos aos 3000m de altitude e encontrei várias pessoas acomodadas nos refúgios que caminhavam pelas montanhas ali por perto). Foram comigo um guia e um casal de clientes que também tentariam o Plata, mas conversei com eles, e expliquei que gostaria de seguir a minha estratégia de aclimatação, e que em algum momento poderíamos nos separar. Chegando em Potrerillos, havia uma nuvem negra imensa exatamente em cima do Cordon del Plata (hehe), e o dono do refúgio me disse que estava chovendo todos os dias na montanha. Que dureza... Chegamos no refúgio Ski & Montanha, e dormimos por lá nesse dia.
Dia 2 - quinta-feira (24/02)
Acordamos cedo, acabamos de arrumar as mochilas e saímos do abrigo por volta das 9:00. Até o primeiro acampamento, precisa-se caminhar um pouco mais de uma hora em uma subida um pouco íngreme e constante. O tempo estava bem nublado e frio, e prometia um dia bem ruim. Com a mochila extremamente pesada nas costas (aprox. 35kg) foi uma boa pra começar a esquentar as pernas (hehe). Chegamos no local do primeiro acampamento, conhecido por Las Veguitas (3200m) às 10:30, e já montamos acampamento. Por volta das 11:00 o sol apareceu e não sumiu mais. Assim que montei o acampamento, eu peguei uma mochila pequena e decidi subir até o próximo acampamento (Piedras Grandes a 3600m) pra conhecer a trilha e ver como seria o próximo dia. Além disso, queria sempre tentar usar a estratégia do ¨subir alto, dormir baixo¨. O acampamento dois é conhecido como Piedras Grandes e fica a 3600m. Demorei um pouco mais de uma hora pra chegar, e de lá vi que o tempo nas montanhas mais altas estava horroroso, nevando muito. Desci de volta para o Las Veguitas, fiz meu jantar e fui dormir.
Dia 3 - sexta-feira (25/02)
Nesse dia, o guia queria subir com os clientes diretamente para o campo 3, conhecido como Salto d`água, a 4200m. Como eu estava iniciando a minha alimatação, preferi ir somente até o Piedras Grandes e ficar uma noite por lá (depois desse dia, nao os encontrei mais). Pouco mais de uma hora de caminhada e cheguei no local do acampamento. Nesse dia, senti bastante os ombros e as costas por causa da mochila e comecei a me preocupar com o peso da mochila. Montei acampamento e resolvi subir até o Salto (4200m) com uma mochila de ataque novamente para me aclimatar. A caminhada para o Salto é bem mais pesada, e é conhecida como El Infernillo. Aqui sobe-se praticamente o tempo todo sobre um amontoado de pedras e areia, com subidas bem íngremes e escorregadias. Chegando quase aos 4000m, comecei a sentir um pouco de dor de cabeça e resolvi voltar dali, já que ali começava a subida final (e bem forte) para o campo Salto. Desci de volta ao Piedras Grandes e me arrumei para fazer a janta.
Havia levado somente fogareiro à gás, e dois butijões que comprei em Santiago. Quando tentei acender o fogareiro, nada de gás saindo. Daí lembrei que havia lido em algum lugar que às vezes em lugares altos e frios, o gás se liquefaz, e com isso não é possível acendê-lo. Tive que aprender do jeito mais difícil. Tentei colocá-los para esquentar dentro do saco de dormir, debaixo do braço, mas só consegui uma pequena chama que durou alguns segundos. Resultado, comi jantar liofilizado com água fria e não foi muito agradável. Com isso, coloquei os dois butijões dentro do meu saco de dormir para esquentarem durante a noite.
Dia 4 - sábado (26/02)
Acordei por volta de meia a noite e meia com um vento muito forte balançando a barraca. Nessa hora saí e verifiquei se as pedras que estavam ancorando a barraca estavam firmes, e tudo estava ok. Entrei novamente e decidi tentar dormir. Aí começou o perrengue. O vento não parou durante toda a noite e ficou cada vez mais forte. Em algumas vezes, o vento entortava e tirava as varetas de sustentação do lugar, e eu precisava me levantar e arrumar. Além disso, cada vez que dava uma rajada muito forte de vento, uma camada fina de poeira entrava na barraca e impregnava absolutamente tudo dentro. Foi assim durante toda a noite, e eu consegui somente dar alguns chochilos entre as rajadas fortíssimas de vento.
Quando o sol nasceu eu resolvi sair da barraca e ver o estrago. Aparentemente estava tudo ok, mas o fato de eu sair da barraca piorou a situação. O meu peso estava segurando a barraca no chao, e quando eu saí a barraca perdeu mais sustentaçao e a cada balançada, o vento entrava por baixo da barraca e levantava tudo, tirando a barraca do lugar (importante ser dito que normalmente as barracas de alta montanha nao tem specks pra fincar no chao, somente cordas laterais pra afixar a barraca nas pedras ao redor). Foi aí que notei toda a minha falta de experiência no assunto, porque deveria ter cercado a cobertura toda da barraca com pedras pra segurar melhor e tal (vivendo e aprendendo). Resolvi ir tirando tudo da barraca e colocando do lado de fora, enquanto ia tirando a espessa camada de pó que se apossou de tudo.
A peleja durou até mais ou menos 11:30 da manha, que foi quando eu concluí que nao seria muito legal eu subir com tudo tomado pelo pó, e além disso ainda estava achando que a mochila estava muito pesada, e isso ia influenciar muito na minha chance de chegar bem no acampamento alto e tentar o cume. Entao, decidi que seria melhor eu descer até o refúgio naquele dia, tirar o pó de tudo, tirar um pouco de peso da mochila, descansar e subir no dia seguinte. Pouco antes das 13:30 cheguei no refugio, com o vento extremamente forte ainda me assolando e quase me derrubando durante toda a descida.
Dia 5 - domingo (27/02)
Acordei bem cedo pra arrumar a mochila e começar a subida. No final das contas o maior dano do pó foi arranhar meu óculos escuros (que tinha acabado de comprar... gmmm), mas paciencia. Ainda consegui tirar mais de 5kg de peso das mochilas, entre excesso de comida, repelente, e outros que nao tinha usado ainda e nao acreditava que utilizaria dali pra frente. Estava levando agora comida e roupa para mais 4 dias na montanha, onde faria uma tentativa de cume no Plata, dependendo das condiçoes do tempo.
A ideia era subir do refugio direto para o acampamento Salto, a 4290m, uma subida de 1300m de desnivel e aproximadamente 6 horas de duraçao. Acordei com o tempo bem nublado, e com a mochila bem mais leve, consegui impor um ritmo bem mais forte que nos outros dias. Em pouco mais de duas horas, estava de volta no acampamento Piedras Grandes, e com 6 horas e 15 minutos de caminhada cheguei no acampamento Salto, quando o relogio marcava 13:45, e a medida que eu ia subindo o tempo ia limpando, e terminei o dia com um sol forte e nenhum vento. Teria sido um dia perfeito para cume (hehe).
O acampamento Salto é um plato próximo a uma pequena queda dágua, onde cabem aproximadamente 8 ou 10 barracas. Já no final de temporada, o grande problema era a falta total de higiene, resumindo: tudo cagado!! Impressionante o que as pessoas fazem na montanha. Havia vários "abrigos" de pedra montados para montar as barracas dentro, e pra todo lado que se olhava se via restos de papel higienico e era só chegar um pouco mais perto e sentir o cheiro. Literalmente, que merda!!!
Enfim, cheguei, fiz meu jantar (com um botijao novo que peguei no refugio), e arrumei as coisas pra dormir, e dessa vez tomei bastante cuidado para afixar a barraca muito bem, caso voltasse a ventar.
Agora sim, eu estava numa boa posiçao pra tentar cume e dependia somente do clima nos proximos tres dias. Como a condicao do tempo estava variando muito, resolvi deixar tudo pronto pra tentar o cume no dia seguinte, se o tempo estivesse bom.
Dia 6 - segunda-feira (28/02) - DIA DO ATAQUE
Essa noite foi de certa forma tranquila, tirando a ansiedade que tomava conta de mim e me fazia acordar a todo momento e olhar as horas. Acordei antes do sol nascer, e saí da barraca pra verificar a situaçao. O céu estava limpissimo, mas havia um vento chato que nao parava de soprar, e que eu sabia que ia me atrapalhar durante toda a subida. Mesmo assim, decidi que essa era uma boa oportunidade para tentar o cume, e sinceramente eu tinha medo que o tempo virasse nos proximos 2 dias, e se isso acontecesse eu ia sair da montanha sem ao menos ter tido uma tentativa honesta de cume. Fiz um macarrao de café da manha, e as 7:30 comecei a subir, acompanhado por um casal de Argentinos que também ia tentar o Plata naquele dia.
A primeira parte da subida (até um outro ponto de acampamento mais acima conhecido com La Hoyada) é uma subida generosa dentro de um vale. Como o sol ainda nao havia chegado no vale, foram quase uma hora e meia de muito vento frio. Meu relogio marcava 2 graus, mas com o vento, a sensacao termica estava de quase -10 (ilustrando: dei uma bela assoada no nariz, e um bocadinho de catoto voou na minha blusa; instantes depois estava congelado... hehe). Consegui manter um ritmo bom, e com pouco mais de uma hora e meia, cheguei em La Hoyada, agora já com o sol me esquentando, mas o vento piorando e nao dando tregua. Parei, bebi agua, mandei um gelzinho de carboidrato pra dentro, e continuei a subida.
A segunda parte é uma subida bem íngreme em direçao ao col que leva ao cume do pico Lomas Amarillas, a esquerda, e dali, pegaria a trilha a direita em outra gigantesca subida até o col que divide o Cerro Plata do Cerro Vallecitos. Olhando desde La Hoyada, vi uma trilha que seguia quase reto numa íngreme subida e saía quase na metade (eu achava) da segunda subida (para o col do Vallecitos). A trilha estava muito marcada e imaginei que muitos pa/ssassem por ali, entao resolvi ir por ela, e foi aí que eu me dei mau. A subida era extremamente íngreme, num cascalho extremamente escorregadio. A cada dois passos que dava, voltava 3, e para tentar render um pouco mais, acabei tendo que subir mais rápido para nao dar tempo do pé escorregar enquanto trocava os passos. Resultado: morri. Já estava a quase 5000m de altitude, e até aquele momento, estava mantendo um ritmo bem cadenciado o tempo todo, que me permitia progredir e me manter descansado. Nessa subida, eu tive que aumentar muito o ritmo, e acabei gastando minhas reservas.
Quando terminei essa subida íngreme, caí na subida que daria no col do Vallecitos, e vi que nao era exatamente na metade que eu estava. Ainda faltava uma grande parte da subida.
Parei, descansei, comi, bebi, e decidi continuar a subida no meu ritmo. Continuei subindo por mais 1 hora, até um pouco acima dos 5200m, mas precisava de 3 bufadas pra cada passo que dava. O casal de Argentinos tinha desistido na primeira subida (para o col do Lomas Amarillas), e eu estava subindo sozinho. Com bastante dor de cabeça, decidi que nao seria muito prudente da minha parte continuar. Eu até poderia conseguir chegar ao cume a tempo, mas se alguma coisa acontecesse comigo, nao haveria ninguem naquele dia pra me ajudar, já que ninguem mais estava subindo nesse dia. Nessa viagem, trouxe um livro do Ed Viesturs, onde ele conta como foi a escalada das 14 montanhas acima de 8000m, e o tempo todo ele enfatiza o lema dele: "Getting to the top is optional, getting back down is mandatory". Nesse momento nao pude deixar de pensar nisso, e achei que seria melhor virar e descer.
Com o vento ainda aumentando, iniciei a descida em em pouco mais de 2 horas cheguei de volta ao campo Salto. Como ainda estava cedo, desarmei acampamento, arrumei a mochila e resolvi descer direto até o refúgio. Saí do Salto as 14:45, e acompanhado pelo incessante vento e sua rajadas, antes das 18:00 já estava no refúgio tomando uma bela xícara de chá bem quente. Dormi muito pesado, e com a sensaçao que tinha tomado as decisoes certas nos momentos certos, tanto de tentar o ataque ao cume nesse dia, quanto de virar e descer.
Dia 7 - segunda-feira (29/02)
Acordei cedo no refúgio, e enquanto eu esperava a Van que iria me buscar, olhei pra cima e vi o cume do Vallecitos tomado por nuvens bem feias. Com esse tempo, dificilmente teria condiçoes de sequer tentar atacar o cume do Plata, e senti que tinha realmente feito a coisa certa. Voltei pra Mendoza com o sentimento de dever cumprido, e com uma bagagem de aprendizado gigantesca nas costas.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Tá na hora
Opa, demorei um pouco pra dar notícias mas é porque a correria tava grande aqui pra arrumar tudo.
Cheguei em Santiago na segunda-feira na hora do almoço, e a tarde já saí pra comprar alguns equipos. Corre-corre de loja em loja, consegui comprar tudo que queria.
Na terça-feira peguei um onibus de manha para Mendoza. Foram 7 horas de viagem pela cordilheira dos Andes. Simplesmente sensacional!!! É montanha que não acaba mais... o unico inconveniente é ficar duas horas na fronteira pra poder registrar a entrada na Argentina... faz parte...
Cheguei aqui em Mendoza ontem a tarde, e já saí pra andar na cidade. A cidade é bem simpática, muito arborizada e bem planejada. Mas como ontem era feriado, tava tudo fechado. Mesmo assim consegui passar no supermercado pra comprar o restante da comida, e ir na loja de aluguel de equipos pra dar uma olhada em tudo. Agora de manhã peguei todos os equipos, e passei um uma agência pra acertar o transporte. Dei a maior sorte, porque está subindo para o Cordon del Plata um guia da agência com alguns clientes, e consegui o transporte junto com eles. Além disso, acertei que acompanharia eles na subida, apesar de que vou usar a minha barraca e fazer a minha comida. Isso dá uma segurança bem maior, porque se algo acontecer comigo, eles vão estar por perto pra ajudar.
Bom, é isso. To empolgadasso, e a previsão do tempo indica tempo bom para os próximos 5 dias, então to sentindo que vai ter cume... hehe...
Quando voltar pra Mendoza, mando mais notícias...
Cheguei em Santiago na segunda-feira na hora do almoço, e a tarde já saí pra comprar alguns equipos. Corre-corre de loja em loja, consegui comprar tudo que queria.
Na terça-feira peguei um onibus de manha para Mendoza. Foram 7 horas de viagem pela cordilheira dos Andes. Simplesmente sensacional!!! É montanha que não acaba mais... o unico inconveniente é ficar duas horas na fronteira pra poder registrar a entrada na Argentina... faz parte...
Cheguei aqui em Mendoza ontem a tarde, e já saí pra andar na cidade. A cidade é bem simpática, muito arborizada e bem planejada. Mas como ontem era feriado, tava tudo fechado. Mesmo assim consegui passar no supermercado pra comprar o restante da comida, e ir na loja de aluguel de equipos pra dar uma olhada em tudo. Agora de manhã peguei todos os equipos, e passei um uma agência pra acertar o transporte. Dei a maior sorte, porque está subindo para o Cordon del Plata um guia da agência com alguns clientes, e consegui o transporte junto com eles. Além disso, acertei que acompanharia eles na subida, apesar de que vou usar a minha barraca e fazer a minha comida. Isso dá uma segurança bem maior, porque se algo acontecer comigo, eles vão estar por perto pra ajudar.
Bom, é isso. To empolgadasso, e a previsão do tempo indica tempo bom para os próximos 5 dias, então to sentindo que vai ter cume... hehe...
Quando voltar pra Mendoza, mando mais notícias...
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
Aclimatação
Uma importante parte de qualquer expedição na altitude é a aclimatação. Resumindo, quando nos expomos ao ambiente de altitude, nosso corpo inicia um processo de adaptação que dura alguns dias ou até semanas (em algumas pessoas mais lentamente que outras), que acontece como uma resposta ao ambiente com pouco oxigênio e pressão atmosférica mais baixa.
Para quem quer maiores informações, sugiro a leitura do artigo: ACLIMATAÇÃO DE VERDADE (http://altamontanha.com/colunas.asp?newsID=1268)
A estratégia de aclimatação é a parte menos divertida mas uma das mais importantes (se não a mais) para o sucesso da expedição. Ela consiste em limitar o ganho de altitude por dia, muitas vezes adotando a estratégia de "subir alto e dormir baixo" para enganar o corpo e estimular o processo de adaptação mais rapidamente. Além disso, alguns dias de descanso são essenciais para a recuperação física do corpo.
Portanto, é um período em que se perde o foco principal da expedição, o cume, e pensa-se em estimular ao máximo a adaptação. O preço para uma má aclimatação são os velhos conhecidos edemas (cerebral e pulmonar), entre outras complicações, que podem levar à morte.
Por tudo isso, reservei alguns dias de descanso e alguns dias de sobe alto e dorme baixo pra buscar uma melhor aclimatação, principalmente levando em conta que em 2010 sofri bastante com a altitude na Bolívia.
Planejamento então inicialmente é esse:
1o dia: Campo Vegitas (3200m)
2o dia: Campo Piedra Grande (3600m)
3o dia: Subida ao Cerro Adolfo Calle (4270m) e volta ao Campo Piedra Grande
4o dia: Campo Salto (4200m)
5o dia: Dia de descanso no Campo Salto
Do sexto dia em diante, vou me adaptar às situações. Terei mais 4 dias na montanha para escolher entre subir somente o Plata, ou tentar outras montanhas próximas (Rincon ou Vallecitos).
Para quem quer maiores informações, sugiro a leitura do artigo: ACLIMATAÇÃO DE VERDADE (http://altamontanha.com/colunas.asp?newsID=1268)
A estratégia de aclimatação é a parte menos divertida mas uma das mais importantes (se não a mais) para o sucesso da expedição. Ela consiste em limitar o ganho de altitude por dia, muitas vezes adotando a estratégia de "subir alto e dormir baixo" para enganar o corpo e estimular o processo de adaptação mais rapidamente. Além disso, alguns dias de descanso são essenciais para a recuperação física do corpo.
Portanto, é um período em que se perde o foco principal da expedição, o cume, e pensa-se em estimular ao máximo a adaptação. O preço para uma má aclimatação são os velhos conhecidos edemas (cerebral e pulmonar), entre outras complicações, que podem levar à morte.
Por tudo isso, reservei alguns dias de descanso e alguns dias de sobe alto e dorme baixo pra buscar uma melhor aclimatação, principalmente levando em conta que em 2010 sofri bastante com a altitude na Bolívia.
Planejamento então inicialmente é esse:
1o dia: Campo Vegitas (3200m)
2o dia: Campo Piedra Grande (3600m)
3o dia: Subida ao Cerro Adolfo Calle (4270m) e volta ao Campo Piedra Grande
4o dia: Campo Salto (4200m)
5o dia: Dia de descanso no Campo Salto
Do sexto dia em diante, vou me adaptar às situações. Terei mais 4 dias na montanha para escolher entre subir somente o Plata, ou tentar outras montanhas próximas (Rincon ou Vallecitos).
Campo Salto (4200m) |
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